Citação

"Só queria que você soubesse que tudo aquilo que aprendeu comigo não vai ser fácil de encontrar nos livros e em outros corpos sem direção... E não vai achar em nenhum lugar encaixe tão complexo assim! Quando a noite passar e tudo acabar, eu estarei aqui"
Strike

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Quem vê RG, não vê experiência


Idas e vindas de amores, amigos, dinheiro, gostos, fases... À medida que o tempo passa, guardamos cada vez mais memórias na nossa gaveta de lembranças. Afinal, continuar produzindo histórias é o que nos garante que estamos vivos de fato.
E o que fazer com todo este material acumulado? Existem dois tipos de pessoas no mundo: os aprendizes e os colecionadores. E a diferença abismal entre estas duas espécies é justamente a resposta desta pergunta. (Como vivem? Do que se alimentam? Sim. Roubei a pauta do Globo Repórter desta sexta.)
A palavra chave do colecionador é 'quantidade'. Ele é o cara que vai chegar perto de você e dizer "Sou muito experiente! Trabalhei em dez lugares, viajei para todos os países da Europa, comi 100 mulheres e sobrevivi a dois ataques cardíacos." Mas ele não é um acumulador compulsivo. 'Variedade' é a próxima palavra de ordem dele. Afinal, de que adianta ter um álbum completo com figurinhas iguais? O importante é ter uma de cada. Por este motivo, ele é o primeiro na mesa do almoço de Natal a tirar da cartola um caso sobre qualquer assunto que estiver rolando na mesa. Futebol chinês, religiões dos esquimós, sistema político do Iêmen... Não importa! Com certeza ele terá alguma participação histórica para contar.
Inclusive, este é o terceiro termo mais importante do dicionário do colecionador: ostentação. O prazer deste ser vivo é mostrar para o mundo quantas coisas ele já fez na vida e receber o ingênuo título de 'O Experiente'. É assim que ele inicia seu ritual do acasalamento, suas relações sociais no meio do grupo e sua busca pelo posto de alpha. Se tiver outro colecionador na jogada então, o palco está armado. Ganha quem tiver o chifre com mais galhos.
Outro fato importante sobre o colecionador é que ele é uma criatura imutável. Ele não muda de opinião, seus gostos continuam os mesmos, seus hábitos duram até a sua morte.
Já na outra extremidade do globo, vive um grupo oposto a estes seres. Seu mantra é um só: o que vier é lucro. Porque para eles, não há acontecimento que não sirva para tirar uma conclusão que agregue na sua vida. De desgraça a milagre, o que importa é como ele vai sair depois que aquilo passar. O aprendiz é o famoso cara que, quando fala que alguma coisa vai dar merda, realmente vai dar merda. Ele entende mais de relacionamentos do que ninguém, mesmo tendo namorado uma vez. Ele toma chifre, fica chateado, mas enxerga o que pode fazer de diferente no próximo casamento. Ele volta de um acampamento com chuva no fim de semana, lançando um livro sobre como previnir incidentes com goteiras na barraca. Ele perde o pai que ele não via há anos, se arrepende pela ausência, e passa a visitar a mãe toda semana. Ele é o cara que não permite o segundo ataque cardíaco.
Um aprendiz está em constante mudança porque ele está aberto a isso. Para ele, qualquer verdade está sujeita a ser refutada no dia a dia. Seu objetivo principal com cada reflexão pós-ocorrido é ficar mais esperto ao ponto de não cair nas mesmas ciladas e, consequentemente, evitar sofrimentos futuros.

No final das contas, quem leva vantagem? O conceito de experiência, assim como muitos outros, foi superficializado. Afinal, de que valem tantos momentos se eles não te ensinam nada? É como ser estudante, copiar a matéria do quadro e nunca mais abrir o caderno. Você tem o registro, mas não aprendeu nada com ele, porque não tirou suas próprias conclusões. Acho que isto justifica o fato de, vira e mexe, encontrarmos velho com cabeça de jovem e jovem com cabeça de velho. Enquanto o primeiro é um museu repleto de memórias, o segundo é um texto reflexivo de uma ideia, como este.

Quem ser? Eis a questão

"5 exercícios mentais para deixar o bumbum durinho". "O segredo natural para fazer as estrias serem expelidas pelo xixi". "Alga das cavernas profundas do Rio Nilo colhida em lua minguante de ano bissexto para acabar com as rugas". "Emagreça até 20kg com a dieta usada por Maria no pós-parto de Jesus".
Iiih, já passei da idade de acreditar que revistas têm alguma credibilidade! Prefiro seguir os conselhos da Mônica aos que estampam as tantas manchetes das bancas. Na verdade, quem me conhece bem sabe que não sou fã de conselhos e, por mais que às vezes até peça uma opinião, no fim das contas vou fazer o que já estava pensando mesmo.
Não é que eu seja egocêntrica ou individualista. Eu só tenho a plena convicção de que ninguém sabe melhor de mim do que eu mesma. Nem pai, nem mãe, nem parceiro, nem amigo e muito menos um bando de editoras que pautam sua ideia de beleza em um protótipo de mulher supostamente desejável de forma enlouquecida pelos homens. Aliás, eu sempre achei uma contradição tremenda que uma revista feminina concentre tantos esforços no sexo oposto.
"Como conquistar o homem dos sonhos?" Pedindo pra ele descer das nuvens e conversando com ele de igual pra igual, talvez? Não! "Evite comer massas antes do encontro para a barriga não ficar estufada. Dedique sua tarde à academia, por via das dúvidas. Depois vá para casa, esfolie a pele para ficar bem macia, escolha sua melhor roupa, capriche na maquiagem, escove o cabelo, esteja pronta no horário, elogie tudo que ele fizer, sorria independente de qualquer coisa, banque a boazinha e, no final, transe dependurada no lustre do quarto de motel." Fala sério! Ser vaca de leilão dá menos trabalho pra ser escolhida.
A questão que sempre me vem à cabeça é que nunca me perguntaram como EU me sinto em relação a mim mesma. E se eu quiser sair pro encontro com o fulano usando meu jeans batido, rosto lavado e meu cabelo de todo dia? E se o cara for um completo imbecil e eu falar isso pra ele? E se a comida do restaurante para onde ele me levou estiver horrível e eu sugerir de a gente comer um dogão na esquina? Não posso porque vou estar assassinando a Barbie e seus sonhos de dominar o mundo com seu estilo plástico e osso?
Um cara que me dispensasse por eu não seguir este modelo de mulher perfeita estaria me fazendo um elogio. Ser perfeita deve ser muito chato e eu odeio imaginar a hipótese de que possa estar matando alguém de tédio. Na verdade, dá até pra usar isso como teste de masculinidade. Afinal, homem com selo do Inmetro não assusta com estria, não broxa com celulite e não repara em culote. Homem certificado gosta de mulher e ponto.
Antes de terminar o texto, só queria deixar um conselho, afinal, não sou boa de seguir, mas sou boa de dar (sem duplas interpretações). Se algum dia você tiver que escolher entre ser uma mulher Barbie ou Mônica, lembre-se que, embora baixinha, dentuça e gordinha, a Mônica nunca precisará dividir suas roupas com o Cebolinha.
Tetê Magnani

domingo, 5 de junho de 2016

Sexo depois do casamento é um prato que se come...





Ao gosto do cliente. Gelado, frio, morno, quente, pelando, depende ao que você está disposto. Convenhamos, quem nunca se assustou com a ideia de se relacionar apenas com a mesma pessoa pelo resto da vida? O mesmo beijo, o mesmo cheiro, o toque com a mesma textura, o corpo com os mesmos detalhes. Sempre me perguntei o que faria quando cansasse disso tudo. Trair? Propor um relacionamento aberto? Terminar? Mas, o irônico é que nunca me questionei o porquê de este temido desfecho ser o único destino dos casais que optam pela vida juntos. A resposta veio como um insight, após empirismos não muito bem sucedidos: a sociedade do descarte afetou os lençóis! O que isto quer dizer na prática? Que você, meu amigo, pode ser trocado por qualquer outro cara que ofereça algo diferente do que você já oferece. Não interessa se é menor, maior, com um diâmetro mais ou menos favorecido matematicamente. Interessa que produza sensações ainda não experimentadas, mesmo correndo o risco de o resultado final, na balança, não ser tão bom quanto era com você. Mas por que se preocupar, né? Homem e mulher é o que não falta no mundo. Neste sistema de troca, um dia a gente acaba achando alguém com o encaixe perfeito. E se cansar? A gente descarta e o ciclo se repete. Não sei você, mas eu sou do tipo que não admite tempo perdido com sexo ruim. Chega a me causar mau humor. Infelizmente, nesta vida louca de trocar parceiros, qualquer pessoa está suscetível a jogar o momento sagrado de uma transa fora. Anote o que eu digo: sexo depende de todos os envolvidos, e achar a combinação capaz de te fazer pirar não é tarefa NADA FÁCIL. Portanto, se você achou, ao ponto de promover esta pessoa a protagonista da sua vida sexual, assine a carteira dela para trabalho vitalício. E depois, esteja disposto a ousar. 

Deixe a sua criatividade assumir o nível master e inove os cenários e os roteiros. O segredo do sexo pós casamento não é trocar o personagem principal, é dar outra história pra ele. Rambo vai ser sempre Rambo, o que vai mudar é o enredo de cada sequência de seus filmes. O que importa é abandonar a sociedade do descarte e entender que um pneu em um carro é só um pneu, mas, pendurado em um árvore por uma corda, passa a ser um balanço. Versatilidade é palavra de ordem quando o assunto é sexo. Sabe aqueles pensamentos que passam na sua cabeça, e que poderiam facilmente inspirar roteiros de filmes pornô? Pois é. Luz, câmera...

Tetê Magnani