Citação

"Só queria que você soubesse que tudo aquilo que aprendeu comigo não vai ser fácil de encontrar nos livros e em outros corpos sem direção... E não vai achar em nenhum lugar encaixe tão complexo assim! Quando a noite passar e tudo acabar, eu estarei aqui"
Strike

quarta-feira, 17 de junho de 2015

"I am Mine"

(Pear Jam)


Ok, senta aí. Vou te explicar. Sei que devia ter feito isso desde o início com a clareza que falo agora. É um defeito meu, acabei de crer. Você não é o primeiro e nem o segundo com quem eu tenho que voltar neste assunto. Acontece, meu bem, que você não é a prioridade da minha vida. Desculpa, mas esta é a realidade nua e crua. Você caiu meio de pára-quedas em um território em desenvolvimento. Chegou e fez diferença. Não só fez parte do cotidiano, como impulsionou o meu crescimento, com todas a sua experiência, gostos e ideologias. Aprendi muita coisa que encheu minha bagagem para seguir viagem, agora sem você. E isso não é porque você não me agrega mais nada. Até acho que poderia agregar, não sei. O problema é que você não entendeu que este território já tem presidente. Estava tudo ótimo enquanto você entendia que era um colaborador. Poderia até assumir a vice-presidência por mérito, mas você queria todo o controle da situação. Seus ciúmes, sua necessidade frequente de atenção, suas regras de bom relacionamento, sua mania de achar que sabe mais que todo mundo. Isso e mais um pouco foi o que me fez sacar as suas intenções. No fim das contas, o propósito era me enquadrar nos seus planos de vida e não construir um nosso, em que o consenso estabeleceria a viabilidade de um plano conjunto. Fato é que eu não estou disposta a abrir mão do meu planejamento de vida, minuciosamente pensado desde que ganhei poder para decidir lá em casa se preferia Toddy ou Nescau. Nem por você e nem por ninguém. Mas eu poderia readequar prazos, flexibilizar os meios e até mesmo contextualizar os fins, para fazer parte dos seus. Eu tomaria seus projetos como meus, em uma parceria que só geraria prosperidade para nós dois. Eu toparia servir de impulso e porto seguro pra você. Eu me disporia a lutar lado a lado, de braços dados, até quando precisasse servir de retaguarda ou de linha de frente. Mas você quis me dominar para tudo sair da melhor forma que lhe conviesse. Muita pretensão, meu amor. Minha carreira, minha vida pessoal, minha caminhada acadêmica e meus sonhos de lazer foram definidos muitos antes de você cogitar me conhecer, quem dirá fazer parte de mim. Agora, só me resta deixar os agradecimentos. Acho que todo mundo que passa na nossa vida soma em alguma coisa, mesmo quando tem a intenção de subtrair. Você não é exceção nem nisso. Obrigada, mas daqui pra frente, serei só eu, como nunca deixou de ser.

Tete Magnani

domingo, 14 de junho de 2015

Não preciso de muita coisa para ser feliz

Imagem do google

Casa na praia com uma rede calculadamente posta na varanda de frente para o mar. Uma taça de tinto suave enquanto vê os filhos correndo pelo corredor da cozinha e o cachorro brincando no quintal. Na garagem, a cabine dupla esperando pra cair na estrada com a família e tudo mais que foi conquistado, gota por gota de suor laboral. Um bom sonho de longo prazo. Pelo menos pra mim, que não tenho nem a escritura do meu quarto, paladar para destilados, mal mal um popular na garagem e a menor pretensão urgente de gerar prole. Enquanto os meios não são viáveis para concretizar esta imagem comum de felicidade, eu faço o que? Luto dia a dia, dando minha saúde como moeda de troca no meu trabalho, me privando de momentos de lazer (que serão muito gozados em alguns anos) e vendendo meus valores para a hierarquia corporativa do poder. Tudo isso em busca de uma conta bancária que me possibilite conquistar um estado de espírito pleno na meia idade. Não, pensando bem, não. É muito autossacrifício pra mim. Eu não preciso disso para garantir meu sonho de felicidade. Na verdade, eu nem tenho o sonho de ser feliz. Felicidade não é um objetivo de vida pra mim. É consequência do cotidiano. Na eterna tentativa de transferir a responsabilidade das suas vidas para fatores externos, as pessoas transformaram o sentimento em utopia. Enxergam-no como um objeto único, do qual só são dignas as pessoas adeptas do "fazer por merecer", obedecendo a valores morais e regras sociais. Caminham a vida inteira, numa obsessão insana de chegar a um destino que não existe: a felicidade absoluta e inabalável. E quando as pernas chegam à exaustão, encontram justamente o contrário: frustração, impotência e a persistente sensação de insatisfação. Não que eu não esteja suscetível a isso. Inclusive bato de frente com estes percalços emocionais o tempo inteiro. Aliás, nenhum mortal consegue fugir disso. Que bom! Porque a graça da vida é essa oscilação de estados de espírito, com altos e baixos extremos. E não quer dizer que isto nos torna meros agentes passivos das ações do acaso. Pelo contrário, quando aceitamos que não existe a invulnerabilidade ao que é negativo, encontramos uma brecha para estimular proatividade e combater com o positivo. E as armas são mais acessíveis do que todo mundo pressupõe. Elas estão penduradas na parede do cotidiano. O lance de ser feliz está em reconhecer o que te faz bem em cada acontecimento do dia a dia. Os mesmos que são banalizados sob o pretexto da rotina. São eles os responsáveis por minimizar, mesmo que ministrados em doses homeopáticas, o estrago de uma surpresa negativa. Quando se dá abertura para relaxar com um café no meio do dia, comemorar uma conquista pequena no trabalho ou rir de alguma trivialidade qualquer, não há humor perdido. Tenho orgulho de dizer que, em toda a minha vida, nunca me senti infeliz. Triste, insatisfeita, decepcionada, com certeza. Mas infeliz, não. Ainda que a minha felicidade esteja em uma casa de porão de um cômodo, com canções de violão no sofá, TV ligada no futebol das quartas e domingos, e uma barra de chocolate a tiracolo. Casas de praia, transporte tamanho família e filhos ainda são apenas adicionais supérfluos. 

Tetê Magnani

Dia dos namorados

Meu dia dos namorados! s2

Dia não somente restrito aos autointitulados “namorados”, mas sim estendido a todas as espécies de amantes, sejam unidos pelos laços matrimoniais, pelo simples conjugar de casas, ou pela amizade tão profunda que se confunde; aos amores platônicos, aos românticos incorrigíveis, aos solteiros cheios de si, mas que no fundo, às vezes bem lá no fundo, nada mais anseiam do que encontrar e viver aquele amor perfeito orgulhosamente exibido pelas propagandas de perfumarias... O dia dos namorados nada mais é que um momento de sair da rotina, uma desculpa nada mais do que justa de quebrar o monótono e viver algo diferente, algo muitas vezes único! Pode ser vivido a dois, a três, ou numa galera inteira, afinal o que vale são os vínculos verdadeiros e o desejo de que essa noite perdure para sempre! Aos eternos amantes eu desejo a noite mais maravilhosa que possa ser vivida – seja ela no mais luxuoso restaurante de pompa, num jantarzinho intimo no aconchego do seu lar, ou debaixo das cobertas curtindo preguiça em companhia de um livro, ou de uma série de TV, seja acompanhado ou sozinho mesmo, seja curtindo a “solteirice” com os amigos, seja onde e como for!

Todos nós merecemos uma quebra de rotina, e existem muitas pessoas que necessitam de um motivo pra que isso aconteça, por isso não acho prudente desvalorizar essa data, mesmo os solteiros inconformados, pois tenham certeza de que é o movimento proveniente dela que proporciona oportunidades e faz com que o estresse acumulado se dissipe, além de plantar uma sementinha dentro dos nossos corações nos mobiliza em busca da felicidade.

Ruth Cecily