Citação

"Só queria que você soubesse que tudo aquilo que aprendeu comigo não vai ser fácil de encontrar nos livros e em outros corpos sem direção... E não vai achar em nenhum lugar encaixe tão complexo assim! Quando a noite passar e tudo acabar, eu estarei aqui"
Strike

domingo, 26 de abril de 2015

Sobre a vida e a felicidade...






"A vida não tem definição - ela simplesmente é um milagre, independente da forma como ela se apresenta"
(adaptado de S.O.S Mulheres ao Mar)

Como é a vida...
Ela se sente no direito de determinar quem vai cruzar nossos caminhos, quem vai mexer com nossos corações... Mas não é a vida que nos guia. Nós guiamos nossa vida. É uma equação simples: ela lhe proporciona as oportunidades e você desfruta delas, da maneira que lhe convém. As vezes enxergamos essas oportunidades, outras não, algumas passam tão despercebidas que nem são consideradas como oportunidades, e outras são recusadas por livre e espontânea vontade. Mas sabemos de fato como viver nossa vida?! Será que sabemos aproveitar ao máximo a oportunidade que nos é concedida a cada minuto do nosso fôlego, a simples possibilidade de viver pelo grande milagre que é existir?! Reflexão complexa. 

Cada um acha sua maneira de viver, muito de acordo com sua personalidade, pelo desejo de liberdade ou por pressão, mas cada um é obrigado a estabelecer como viver e sobreviver! E julgar o modo de viver do outro já é de praxe, um tanto quando contraditória, no entanto não é algo condenável, afinal, por mais que sejamos todos iguais baseados no princípio biológico, de espécie, existem cabeças e cabeças, e reproduzindo o velho ditado - cada cabeça uma sentença... Não deve haver um clichê mais sensato que esse. Acredito que cada um, naquele seu modo individual de ser e viver nada mais busca do que sua auto-satisfação, um projeto torto em rumo a felicidade eterna.

Hoje aprendi que não existe uma fórmula mágica para se alcançar a felicidade. E nunca saberemos se somos realmente felizes, mas devemos sempre nos permitir à alegria de tentar!  


Ruth Cecily


quarta-feira, 22 de abril de 2015

Desculpa, mas eu não sou sua princesa



Não uso coroa, não tenho um castelo e não pretendo me casar. Os filmes da Disney, que eu assistia quando era criança, só serviram pra me fazer ter certeza que eu não queria ser aquela figura patética que vê a vida passar em cima de uma torre. Na verdade, nem se eu quisesse, eu seria. Você deveria ter sacado quando viu que não me pareço esteticamente com uma. Enquanto você me esperava todos os dias com cabelo milimetricamente moldado em gel e roupas de marca exalando a melhor fragrância Dior, eu aparecia sem unha feita, cabelo seco ao vento e sem uma base no rosto. Não tenho tempo, dinheiro e nem disposição para mudar isso. Prefiro sair na rua igual uma mendiga atropelada por um bode para ter mais uma hora de sono, especialmente no inverno. Prefiro torrar meu dinheiro comendo o suficiente para não conseguir andar pelos próximos 30 minutos, do que fritando minha cabeça literalmente em um secador e metaforicamente com fofoca de salão. Sim, comia igual a uma vassala, inclusive na frente dos seus convidados. E ostentava com louvor meus culotes conquistados com duras semanas de quebras de dieta com chocolates de todas as espécies. Mas era melhor do que quando eu cismava de cozinhar um prato para comemorar alguma data comercialmente memorável e você esboçava, em semblante contraditório, o quanto tinha gostado. Eu nunca serei a Cinderela que sua mãe espera pra você. Além de não saber cozinhar, não domino a arte de varrer, não sei a diferença entre marca de sabão em pó, e minhas roupas saem mais amarrotadas do que antes de eu me dispor a passar. Ah, e tem a sua mãe! Vocês dois entravam em consenso com frequência ao meu respeito, não é?! Poderiam até me chamar para a discussão. Eu concordaria em grande parte, especialmente com o tópico que falava da minha falta de meiguice. Hoje, ofereço até provas. O quadro rosa que você me deu para pendurar no meu quarto preto e branco não sumiu. Eu dei ele de presente de 15 anos pra uma prima distante. Ah! Lembra do Fofinho, cachorro de pelúcia que você me deu já batizado? Eu chamava ele de Ares, quando você não estava perto. E quando sua mãe vinha me mostrar fotos suas de infância? Eu me segurava para não zoar seu cabelo ridículo que ela penteava ao estilo Zacarias, e me limitava falsamente a "Que gracinha! Parece um anjinho nessa versão miniatura! Tomara que nosso filho seja assim (e cresça longe de você)". Nunca vou esquecer quando ela ouviu o meu primeiro 'Puta que pariu!', dito com a boca cheia porque a TV parou de pegar na hora da reportagem sobre o Centenário da I Guerra Mundial. Soltei mentalmente um “puta caralho” quando soube que o filho duma quenga do seu primo tinha chutado a porra do fio daquela merda de televisão. Ainda bem que ela não lia mentes. Se lesse, travaríamos uma disputa telepática sobre o politicamente correto que ela defende e que eu, simultaneamente, abomino. E não foi uma reação desproporcional. Você sabe que eu adoro guerra. Até tinha que esconder os DVDs do “Bastardos Inglórios” e “Operação Valquíria”, pra me convencer a ver P.S Eu te Amo! E não me venha com hipocrisia. Embora reclamasse que eu tratava as nossas D.R's como estratégias de combate, adorava o cessar fogo, que só fazia explodir o que tinha sobrado de nossa integridade física. No dia seguinte, ainda quando você estava dormindo, eu levantava pé ante pé, para fazer o que encabeça minha lista de coisas indispensáveis: meu trabalho. Sim, o que paga mal e que ocupa meu tempo disponível para colher flores no bosque pra você. Mas o mesmo que me dava poder no inicio do mês de torrar o meu dinheiro sem te dar satisfação. Meu bem, eu não tenho vocação pra cuidar da casa e usufruir do salário alheio. Até porque, você não entenderia, como nunca entendeu, a minha necessidade de gastar metade dele com ingressos de jogos de futebol e não com lençóis de fio egípcio pra nossa cama. E não aceitava tampouco que o estádio é a minha independência do mundo, e que, se você não estivesse na arquibancada do meu lado, não ia receber a atenção que esperava. Da mesma forma que cobrava mais que monossílabos quando eu estivesse lendo uma análise esquerdista das eleições ou de mais um projeto de lei absurdo prestes a ser votado no Congresso. Fato é que você nunca aceitou muito bem a ideia de que a hipótese da aprovação da redução da maioridade penal me deixava mais apreensiva do que a de você sair com seus amigos depois de brigar comigo por algum motivo idiota. Bem que eu poderia recusar o seu convite para passar férias em Miami, para ficar aqui, na rua, com bandeiras em punho sem hora pra voltar pra casa. Não tinha jeito de dar certo mesmo. E a minha responsabilidade nesse desfecho de insucesso não é o fato de eu saber que não era a princesa que você achava e não ter te contado. A minha culpa é por não ter reconhecido que eu que não queria um príncipe. Eu queria o cavaleiro sem sangue azul. Que chega sujo em casa depois de um dia de trabalho. Que entende o que eu quero dizer, sem censurar minhas palavras. Que acha minha pipoca de microondas a melhor de todos os tempos. Que não enxerga minhas estrias e é autossuficiente para não precisar dos meus serviços de casa. Que tem espírito de luta e segura minha mão na batalha contra o conformismo. E, especialmente, que não acredita em estereótipos e muito menos em contos de fadas.

Tetê Magnani

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Quando a paixão bate na porta.




É muito difícil encontrar palavras que possam descrever o surgimento de uma paixão. A sensação de estar apaixonada/o não deve ser um sentimento novo pra ninguém, mas confesso que há muito não sabia do que se tratava. Como maneira de defesa, talvez, nos colocamos numa redoma, onde ninguém pode ter acesso ao que se passa em nossa mente nem no coração, apenas o lado de fora é exibido, o divertido, tudo aquilo que não tem problema de ser transmitido para os outros. E aquela necessidade carnal é sempre suprida em festas, eventos sociais casuais, viagens, nada de muita relevância sentimental.

As coisas se complicam quando você se depara numa situação no qual toda sua estrutura, até então sólida, se mostra abalada e a ponto de sucumbir. São gestos simples, o convívio no dia a dia que aos poucos faz seu coração amolecer e sentimentos congelados começam a derreter como neve diante do fogo. É, no primeiro momento, assustador! "Será que é isso mesmo? Não, é só mais um truque ordinário do destino. Devo alimentar minhas esperanças? Não, só vou sofrer e me decepcionar mais uma vez. Vale o risco? Não, melhor continuar incompleta/o, porém me divertindo...". Nossa como nossa mente é programada pra infelicidade! Tudo não, não, não! A simples possibilidade de um SIM é devastadora. E assim o tempo vai passando, e cada vez mais as coisas se complicam para o coração aflito... Digo com certeza que SEMPRE VALE O RISCO, afinal o que seria da nossa vida e escolhas sem a atitude de tentar? Acreditar em si mesmo, ter fé nas pessoas e buscar a felicidade - não é nada fácil, mas surpreende pela simplicidade, trata-se apenas de coragem! O SIM dá medo, mas se permitir é o mínimo! 

"Tão natural quanto a luz do dia."
Charlie Brown Jr.

Ruth Cecily

quinta-feira, 9 de abril de 2015

A razão para você ainda não ter encontrado sua alma gêmea...



...É simples: ela não existe. E não é porque ela ainda não nasceu, ou porque vocês não se encontraram, ou porque ela está com outras prioridades no momento. Ela não existe agora, não existiu no passado e nem vai existir no futuro. Desculpe desiludir o seu lindo sonho de infância de conhecer a pessoa predestinada para você desde outras encarnações. As teorias de alma gêmea, amor da vida, pé e sapato, metade da laranja e tampa da panela foram criadas para transferir para o tão atarefado Deus mais uma responsabilidade que o ser humano se acha incapaz de cumprir sozinho: encontrar outro que o faça feliz. 

Com fórmulas prontas tudo fica mais fácil. Basta esperar que o destino coloque em sua vida o alguém que vai aceitar todos os seus ataques de stress matinais, achar sexy o seu desleixo com a aparência, conviver bem com sua mãe emocionalmente instável e que não vai ligar de percorrer a distância do Oiapoque ao Chuí para te ver. Aliás, ele vai amar fazer isso, afinal estamos falando de um sentimento incondicional. Ninguém sabe de onde, como e porque veio, mas sabe que as partes afetadas serão felizes para sempre por causa dele. 

Você está perdoada de ter acreditado nesta história até completar seus quinze anos, quando usou um vestido em formato de bolo para se sentir a Cinderela no seu baile. No dia seguinte, quando acordou e percebeu que não existiam abóboras, sapatinhos e castelos, já deveria ter caído na real de que esta teoria é falha. Você nunca achou estranho o fato de o príncipe ter pedido a Cinderela em casamento apenas baseado em um pequeno instante de troca de olhares? Ou de o Phillip ter acreditado em três fadas, que o usaram como bode expiatório para limpar a merda que fizeram, enfrentando um dragão para salvar uma conhecida camponesa que pegou no sono? E de o príncipe da Branca de Neve ter se apaixonado a ponto de beijar um cadáver só porque cantarolou com ela uma cantiguinha barata de amor? Não? Pois procure um psicólogo.

Enquanto nas mãos de Walt Disney, eles são os estereótipos desta teoria de alma gêmea, na vida real eles não passam de um carente desesperado para casar, um bobo influenciável e um necrófilo. Eu, pelo menos, correria maratonas de distância dos três. Esta incondicionalidade não faz o menor sentido para mim. Porque o 'gostar' e o 'não gostar' são consequências. Eles só podem existir se houver motivo/condição. Eu não gosto de jiló porque é muito amargo e gosto de chocolate ao leite porque é doce na medida aceitável do meu paladar. Para gostar de pessoas é a mesma coisa. É necessário conhecer. Eu não confiaria em alguém que se declarasse apaixonado por mim sem antes se assustar com meus defeitos ou admirar minhas qualidades. Um cara desses se desapaixonaria e arrumaria outra com a mesma facilidade. O conceito de personalidade cairia por terra. Pra que ter particularidades pessoais se elas não são quesitos de atração? É mais prático todos seguirem um padrão. 

Nesta história toda de alma gêmea, existe tampouco o que eu acho fundamental em relacionamentos: o poder de escolha. Ora, e se o destino simplesmente resolve que o amor da minha vida é um serial killer de esposas, ao estilo Barba Azul? Eu teria que aceitar e esperar pela minha morte? Não, meus amigos. Se tem uma coisa da qual eu não abro mão é de optar pelo que acho melhor para mim. Gosto de ser a senhora da minha vida ao invés de deixar meus planos nas linhas escritas de um livro imaginário. Avalio prós e contras, vantagens e desvantagens, bônus e ônus, qualidades e defeitos e o que mais for preciso para me envolver com alguém. E isso não quer dizer que faço tudo de forma racional. Meu coração, ou sei lá que parte de mim é responsável pelo 'gostar', é seletivo por natureza, de acordo com o ambiente em que vivo, a educação que tive, a cultura na qual estou inserida. 

E o melhor nisso tudo é que este poder de escolha endossa uma das maiores convicções que tenho: ninguém é insubstituível. Ninguém é bom o suficiente para não ter seu lugar ocupado por outro. As pessoas são diferentes. Ainda bem! Suprem e faltam em coisas diferentes. Relacionamento é feito por duas pessoas (que me perdoem pela generalização os mais modernos) e o resultado nunca é igual. Ou seja, se você juntar o vermelho com o amarelo, o produto será laranja. Mas, embora seja o mesmo vermelho, quando misturado com o azul, o resultado será outro. Ainda bem também! Porque viver em um mundo monocromático é chato, sem graça, não te permite formar bagagem e evoluir em sequência. 

O que falta, na minha mera opinião de solteira, mas convicta, é as pessoas tomarem as rédeas de seus planos e irem a campo de batalha para executá-los. Sair da inércia de esperar que os outros, divindades, estrelas, o destino ou o universo definam desfechos em suas vidas. É não esperar, como dito nas primeiras linhas deste texto, o alguém que lhes faça feliz, mas conquistar o alguém capaz de tornar sua luta diária mais prazerosa.

Tetê Magnani