Citação

"Só queria que você soubesse que tudo aquilo que aprendeu comigo não vai ser fácil de encontrar nos livros e em outros corpos sem direção... E não vai achar em nenhum lugar encaixe tão complexo assim! Quando a noite passar e tudo acabar, eu estarei aqui"
Strike

terça-feira, 31 de março de 2015

MENOS RÓTULOS, MAIS SENTIMENTO


Relacionamento deveria vir com informações explícitas sobre seu uso. Uma espécie de tabela nutricional com a descrição fiel da quantidade de ciúme, carência, mau-humor, manias, racionalidade, passionalidade e demais fatores inerentes a seres humanos em convívio. Logo ao lado, para que a correlação fosse feita de forma prática e sem deixar dúvidas, uma lista dos ingredientes usados para chegar ao produto final: número de ligações diárias, o tanto de ex-namorados solteiros, dose de saídas com amigos, disposição financeira para gastar em encontros, estimativa de DR's permitidas, e a proporção de foda selvagem e sexo com amor. Na frente, a quantidade em meses que irá durar, para ser acompanhada junto com a embalagem transparente que não deixa dúvida de que a relação já está no final. Em cima, o nome do fabricante, afinal a procedência é fundamental, considerando que um fornecedor pode arrasar com uma compra pelo simples fato de não querer entregar o produto conforme o combinado. E bem no meio, ocupando 90% do espaço restante, uma foto tratada em última versão do Photoshop para convencer que, mesmo se as calorias ofertadas de encheção de saco forem mais altas que o disposto pelas partes a consumir, vale a pena tentar pelos olhos verdes e o sorriso safado.
Isso garantiria o fim do sofrimento, das noites mal dormidas, dos nós na garganta, das explicações de término para familiares e um novo rótulo para você: o de eterno mal comido. E quando eu uso este termo, não me refiro só a sexo e nem ao gênero feminino ou qualquer outro que não goste de meter. O mal comido é qualquer pessoa que está eternamente insatisfeita com relacionamentos, porque deixa de viver a essência para burocratizar o sentir. Para ele, importa menos o produto que está sendo adquirido e mais o rótulo social que estampa os perfis do Facebook numa tentativa de afirmar a boa compra. É aquele que cresceu, não desacreditou em contos de fadas e estabeleceu como um dos principais objetivos de vida recrutar alguém para ocupar o posto de príncipe/princesa.
Com o encarte em mãos, naturalmente esta categoria é atraída pela primeira impressão do belo, depois é que o custo-benefício é pesado. Nesta segunda etapa, levantam-se informações como vida útil, função, se é de primeira ou segunda mão e demais especificidades da vida do indivíduo que nunca correspondem à realidade. Uma seleção superficial de pretendentes, baseada em opiniões de ex e potenciais consumidores. E é aí que está o erro, pelo menos na minha concepção. Nada de conhecer o outro a fundo, indo in loco e abusando do empirismo dos encontros sem compromisso. Nada de test-drive! O mal comido paga para ver. E paga caro pelo título de casado e, em breve, pelo de divorciado.
Você, assim como eu, provavelmente deve conhecer alguém que troca de namorado(a) igual troca de roupa e nunca entende porque suas relações não vão para frente. Sou capaz de apostar que antes de atestar se o outro tem atributos íntimos em tamanho nano, cicatrizes adquiridas em alguma briga por ciúmes, ocorrência por pequeno furto,ou nome vitalício no SPC, esta pessoa já está se imaginando sendo feliz para sempre deitada de conchinha assistindo Domingão do Faustão e comendo uma pizza. Antes de a massa do bolo, feita com todos os ingredientes que ela considera ideais, ficar pronta, ela já está escolhendo a fôrma social para padronizar o relacionamento! O resultado é um bolo bonito para impressionar os amigos no Instagram, mas com um gosto horrível suportado pelo casal até quando o estômago aguentar. 
Eu pergunto: qual é a lógica disso? As pessoas se dispõem a viver relações infelizes para se encaixar em um padrão de felicidade social. Para mim, esta é a maior incoerência do ser humano do mundo contemporâneo, onde, teoricamente, temos liberdade para sermos quem quisermos. Eu sou adepta ferrenha da abolição dos rótulos. Um status de enrolado, amizade colorida, namorado, noivo, casado, divorciado ou o diabo à quatro, nunca foi e nunca será capaz de descrever o que é o meu sentir. Porque estas coisas não são mensuráveis, são apenas vividas. Sou militante do relacionamento sem compromisso, aquele que acontece porque existe sintonia, química e desejo. Em que não há regras e responsabilidades moralmente aceitáveis, senão as que ambos instituem em consenso. Circunstância na qual o sentimento não tem limites, escalas ou barreiras que não sejam o respeito e a consideração.
Eu sou a favor do descompromisso com tudo que burocratize o que é para ser sentido. No meu relacionamento ideal, os encontros semanais seriam substituídos pelos encontros motivados pela vontade de ver o outro. As comemorações de datas comerciais e aniversários seriam deslocadas no calendário para os dias em que ambos estivessem dispostos a fazer alguma coisa de diferente simplesmente porque deu vontade. As alianças e flores seriam trocadas pelo conforto de um abraço em um momento ruim. Os encontros com os amigos seriam menos demonizados e mais frequentes. Os sonhos individuais, quando não pudessem ser vividos junto, seriam incentivados e apoiados, sem gaiolas ou podas egoístas e vaidosas.
Particularmente, não tenho a menor pretensão de assumir um relacionamento sério por um bom tempo. Acredito que este será o meu posicionamento até que alguém me prove o contrário. A receita é simples, se dispor a me conhecer a fundo, sem pressões e padrões. Errar erros reais e não pisar em ovos para corresponder a um perfil. Pagar pelas qualidades e pelos defeitos, com o que vier de brinde. E estar ciente que, se não for o que EU espero, não terá lugar na minha prateleira, afinal, eu só confio na garantia atestada pelos meus próprios sentidos.
Tetê Magnani

quinta-feira, 12 de março de 2015

Procura-se um amor acostumado a tomar danoninho sem colher


Costumo dizer que tudo nessa vida tem uma utilidade. Das melhores às piores experiências, sempre é possível tirar algum proveito em termos de aprendizado. Você não podia nem imaginar, por exemplo, que a sua luta quase que diária para tomar aquele danoninho sem colher, que te fazia lambusar todo antes de ir pra escola, era um treinamento intensivo para promover orgasmos múltiplos femininos. O mesmo se aplica às gelatinas de copinho das festinhas de aniversário colocadas ali por mães práticas, porém sensatas, que queriam ver as noras sendo felizes na posteridade. Aaaaai, os diplomados nesta prática... Deveriam andar com o certificado pendurado no pescoço para facilitar a seleção de bons partidos de cama. Quantas decepções não poderiam ser evitadas? Muitas! Sim, passamos horas dolorosas, pelo menos de 15 em 15 dias, mantendo a depilação perfeita para homens que são incapazes de nos presentear com uma chupada, no mínimo, digna de compensar o dinheiro gasto. E não me venha com esta história de que esta não é a parte principal do sexo. Se você é do tipo que desce para o play e só brinca em um brinquedo, não me convoque para a próxima vez. A arte da boa chupada deveria ser instituída por lei como obrigatoriedade para ser apreciada sem moderação. O segredo do sucesso? Bem mais simples que o imaginado. Assim como tudo que se faz na vida, depende mais de duas coisas do que de talento nato: "fazer com gosto" e treino. O mundo do oral, com o perdão do trocadilho, não admite nada 'meia boca'. E quem gosta de fazer parte dele, contribui para a humanidade com maestria. Mas os que se dispõem a melhorar a técnica merecem de Prêmio Nobel a um lugar no Olimpo. Cobaias não faltam, eu garanto. Mulheres conversam entre si e deixam escapar detalhes do sexo. Como uma boa chupada é unanimadade entre elas, se o cara for bom, acaba funcionando como um imã. Só que pra isso, velhos ensinamentos dos filmes pornôs de quinta que ele assite devem ser excluídos para sempre do seu Manual de Práticas do Pseudo-comedor. O desejado título de fodão não virá com chulas lambidinhas, ou com a tentativa de cavar um buraco até o Japão, ou tocando insistentemente a campainha na expectativa que atendam mais rápido. A boa recompensa para um sonoro "Me chupa!" ao pé do ouvido é um serviço caprichado e sem restrições. Aquele que nos faz contorcer ao primeiro toque de uma língua quente e molhada em cada área a ser explorada. Aquele que faz arrepiar com o contato das mãos passando pelo corpo. Aquele que deixa as pernas trêmulas, enquanto varia os movimentos entre suavidade e intensidade. Aquele que nos faz esquecer o mundo lá fora em meio à sinfonia de nossos gemidos. Aquele que nos faz buscar nos cabelos dele, entrelaçados em nossos dedos, apoio para não perder o controle, que já foi perdido há muito tempo. Ai, ai! Sim, meu amigo, este é dom do PhD em não precisar de uma colher pra buscar a última gota de danoninho do pote. A diferença agora é que ele é recompensado com aplausos calorosos de uma platéia insandecida. O próximo passo, ele sabe fazer bem...


um excelente autor!